Silvonei José – Cidade do Vaticano
Todos os anos o Papa envia o seu pensamento sobre determinado tema aos comunicadores católicos e não católicas de todo o mundo. É sempre uma tentativa de ajudar na reflexão de assuntos atuais e que dizem respeito à comunicação. Neste ano as “fake news” e o jornalismo da paz.
O Papa Francisco vincula o fenômeno das notícias falsas com a “cobiça” e “sede de poder” do ser humano na sua mensagem por ocasião da celebração, no próximo dia 13 de maio, do Dia Mundial das Comunicações Sociais.
Então o grande comunicador que é Francisco destaca a necessidade de “educar para a verdade”, ou seja, discernir, avaliar e ponderar os desejos e as inclinações que se movem dentro de nós. Assim o Papa valoriza as iniciativas educativas que permitem aprender a ler, a analisar e valorizar o contexto comunicativo e ensinam a não ser divulgadores inconscientes da desinformação, mas sim ativos em seu desvendamento.
O Pontífice na sua mensagem também elogia aqueles que, em nível institucional e jurídico estão procurando especificar normas que se opõem a este fenômeno, em especial as empresas tecnológicas e de meios de comunicação com a definição de novos critérios para a verificação de identidades pessoais que se escondem atrás de milhões de perfis digitais.
No texto da sua mensagem Francisco adverte que “nenhuma desinformação é inofensiva” e que mesmo uma aparente distorção da verdade pode ter efeitos perigosos. Segundo o texto, “o drama da desinformação é desacreditar o outro, apresentando-o como um inimigo, até chegar à demonização que favorece conflitos”.
E nesta linha Francisco considera que as notícias falsas revelam a presença de atitudes intolerantes e hipersensíveis, ao mesmo tempo, com o único resultado de prolongar “o perigo de
arrogância e ódio”. Por isso, escreve: “nenhum de nós pode se isentar da responsabilidade de enfrentar essas falsidades”.
Aos jornalistas, a quem atribui “um compromisso especial” para evitar a propagação da desinformação, recorda-lhes que “no centro da notícia não estão a velocidade em dá-la e o impacto sobre as audiências, mas sim as pessoas”.
Informar é formar, é “se envolver na vida das pessoas”, afirma o Papa, aludindo em seguida à verificação das fontes e a custódia da comunicação como “processos de desenvolvimento do bem
que geram confiança e abrem caminhos de comunhão e de paz”.
O Santo Padre pede na sua mensagem um “jornalismo da paz”, sem entender com essa expressão, um jornalismo “bonzinho” que nega a existência de problemas graves e assuma tons melífluos, mas, pelo contrário, a um “sem fingimentos, hostil às falsidades, a slogans sensacionais e a declarações bombásticas”. Francisco defende um “jornalismo que não queime as notícias”, mas que se esforce em procurar as causas reais dos conflitos, para favorecer a compreensão de suas raízes e sua superação; um jornalismo comprometido em indicar soluções alternativas à escalada do clamor e da violência verbal.
Fundamental é a necessidade de desenvolver “vacinas” contra a mentira que gera e amplifica o ódio e o medo, e envenena os relacionamentos. É necessário, em vez disso, dedicar-se a um jornalismo “verdadeiro”, de paz, “feito por pessoas para pessoas”.
Fonte: Vatican News